Psicanálise e filmes
- Ludmila Andrade

- 4 de ago.
- 2 min de leitura
Atualizado: 13 de ago.
Aftersun (2022)
Direçao e roteiro: Charlotte Wells
Foto: Divulgação/A24

Para inaugurar este tipo de postagem, fazendo uma costura entre Psicanálise e filmes, escolhi Aftersun, que é um drama britânico-americano lançado em 2022. No filme, Sophie, agora adulta, relembra com ternura e melancolia as férias que passou com o pai na Turquia, quando tinha apenas 11 anos.
Em vez de seguir uma narrativa linear, a diretora Charlotte Wells constrói a história como um delicado diálogo entre o passado e o presente. O grande charme do filme está na sensibilidade com que ela retrata a relação íntima e única entre pai e filha.
As memórias – algumas reais, outras talvez reconstruídas ou idealizadas – ajudam Sophie a preencher as lacunas na imagem que guarda do pai. Ela tenta conciliar o homem carinhoso que conheceu com as partes dele que não compreendia na época. A viagem é cheia de momentos leves e felizes: piscina, mar, sol, passeios... Mas é justamente no entardecer — o after sun — que as sombras da tristeza de Calum, seu pai, começam a aparecer.
Mesmo tentando esconder, ele deixa transparecer sinais de preocupação, insegurança e uma melancolia profunda. Sophie, atenta, capta essas emoções, principalmente em suas falas hesitantes e nos silêncios carregados de significado.
O filme mergulha em temas psicológicos como memória e reconstrução, depressão e luto, identidade e relações familiares. É uma obra sobre o amadurecimento, o amor e a tentativa de entender aqueles que amamos, mesmo muito tempo depois.
Embora ficcional, o filme carrega elementos inspirados na experiência pessoal da diretora. Charlotte Wells trata essa história com delicadeza e emoção, nos envolvendo de forma tão íntima que é como se fizéssemos parte da vida de Sophie e Calum.
Vale muito a pena assistir!



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